[REC.] é uma rubrica dedicada a filmes e afins, na qual Pedro Figueiredo Nogueira destaca filmes e realizadores, explorando temas, assuntos e géneros. A rubrica é semanal e inicia-se com um texto sobre Akira Kurosawa, um dos realizadores japoneses mais renomados de todos os tempos, e um dos seus últimos filmes, “Dreams”.
“Dreams” (1990) foi um dos últimos filmes realizados pelo renomado clássico realizador japonês, Akira Kurosawa. Este filme que foi seguido apenas por “Rapsody in August” (1991) e “Madadayo” (1993), sendo este seu último filme. Já nos anos 90, após uma carreira que se estendeu por mais de 50 anos na indústria cinematográfica, Kurosawa decide criar seu primeiro filme em 45 anos que foi inteiramente escrito por ele mesmo, com uma história completamente ligada a ele próprio também.
O filme conta oito excertos de sonhos que o realizador teve em diferentes momentos de sua vida, que não necessariamente se conectam, mas trazem uma história do percurso de Kurosawa sobre a vida. “Dreams” é uma memória, um remanescer, uma auto-análise de sua vida até aquele ponto, que já se aproximava do fim. O realizador japonês, logo cedo em sua carreira, já acabou sendo considerado um dos nomes mais fortes e iminentes do cinema japonês e, eventualmente, do cinema global.
Em 1990, seu nome já era reconhecido como uma influência de uma arte visual contemporânea, tendo inspirado criadores e cineastas como George Lucas, que veio a criar Star Wars sob inspiração de “Hidden Fortress” (1958). A filmografia do realizador japonês é repleta de obras-primas, tanto que este veio a ser procurado por Hollywood. Seu filme, “Dreams” é co-produzido por Steven Spielberg, financiado pela Warner Bros., com assistência de efeitos especiais de George Lucas e, como maior surpresa, atuado em uma certa parte pelo próprio Martin Scorsese.
O renomado realizador norte-americano responsável por filmes como “Taxi Driver”, “Goodfellas”, “Raging Bull”, “The King of Comedy” e entre muitos outros, decidiu participar de um filme deste realizador extrangeiro. Isto denota a importância que Kurosawa teve na indústria cinematográfica, tendo sido nomeado um dos cinco japoneses mais influentes do século XX e um dos que mais contribuiu para a difusão da cultura japonesa.
Martin Scorsese mesmo disse uma vez, “Deixe-me colocar em palavras simples, Kurosawa foi meu mestre”.
Abaixo pode ver o sonho de Kurosawa sobre Van Gogh, no qual Martin Scorsese atua como o próprio pintor.
Yume (Dreams) - Cuervos from abZurdo on Vimeo.
Mas sobre o filme em si, como este foi recepcionado pelas audiências e pelos críticos? “Dreams” agradou tanto à crítica quanto aos espectadores, no entanto não é considerado um dos melhores de seus trabalhos. No geral, é um filme diferente, bonito, único, mas não se levanta acima de seus anteriores projetos, não se destaca como alguns que teve em seu início de carreira. Ainda assim, “Dreams” fica na história como um filme que juntou realizadores conhecidos de Hollywood e dos Estados Unidos para demonstrar o peso que Kurosawa teve em suas carreiras.
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